A Engenharia de Produção é um dos mais novos ramos da engenharia e vem assumindo um papel de crescente importância no desenvolvimento de nossas sociedades. Atualmente, no Brasil, de todas as habilitações em engenharia, é uma das mais procuradas. É importante refletir, portanto, sobre a razão desse crescimento da Engenharia de Produção em todo Brasil […]
A Engenharia de Produção é um dos mais novos ramos da engenharia e vem assumindo um papel de crescente importância no desenvolvimento de nossas sociedades. Atualmente, no Brasil, de todas as habilitações em engenharia, é uma das mais procuradas.
É importante refletir, portanto, sobre a razão desse crescimento da Engenharia de Produção em todo Brasil e, até, sobre qual é o verdadeiro papel de um Engenheiro de Produção.
Não podemos imaginar uma ponte sem um engenheiro civil, um motor sem um engenheiro mecânico, um navio sem um engenheiro naval, instalações sem um engenheiro elétrico, e assim por diante. A uma engenharia deve sempre haver um produto concreto a se associar. Qual seria então o foco principal do engenheiro de produção? Existe realmente algo concreto a que poderíamos associar a ele? A resposta é sim. E o produto além de concreto é ao mesmo tempo abrangente, resumido na palavra Sistema. Um Sistema cuja missão e razão de ser não podem ser nunca esquecidos pelo engenheiro de produção e onde estão inseridos, não só tecnologias e processos, mas também pessoas, clientes, fornecedores e governo, com fluxos constantes de informação, material e dinheiro.
Apesar de ser evidente o processo de valorização da área, ainda não é raro ver hoje em dia, dentro de uma empresa, a função da produção colocada num papel reativo e secundário com relação a outras áreas igualmente estratégicas como Marketing, Vendas, Finanças, Pesquisa e Desenvolvimento, Recursos Humanos, entre outras.
Porém, com o acirramento competitivo dos mercados a definição de “que preços cobrar”, “que prazos prometer” e “com qual qualidade fabricar” foge ao controle puro e simples de qualquer área da organização, tornando-se um fato externo à mesma, determinado pelo mercado. Neste contexto, a gestão da produção passa a ter um conteúdo não meramente tático e operacional, mas também estratégico, tornando-se um conhecimento de interesse não apenas dos gestores da produção mas também de profissionais das mais diversas áreas da organização e de toda a cadeia de valor onde a mesma se insere.
A Engenharia de Produção deve ser percebida, então, por sua abrangência intrínseca, que traz para a formação básica do engenheiro outras áreas do saber como, por exemplo, Finanças, Economia, Administração, Psicologia, Ciências Contábeis e Jurídicas. Ela acompanha, assim, a evolução do tempo e do conhecimento humano. Entende que os problemas das nossas organizações, das nossas sociedades e até mesmo os pessoais não são uni-disciplinares, nem tampouco multidisciplinares, mas sim trans-disciplinares: onde várias áreas do conhecimento se fundem na busca de soluções efetivas, transformadoras e duradouras.
Com essa nova perspectiva, a gestão da produção assume um caráter essencialmente proativo, devendo ser capaz de conjugar as preocupações tradicionais ligadas à eficiência do processo e redução de custos com aspectos mais diretamente relacionados à satisfação dos clientes como qualidade do produto, cumprimento de prazos e rapidez na adaptação a novas circunstâncias de mercado, como introdução de novos produtos, mudanças de mix e de capacidade de produção, entre outros aspectos.
Talvez não seja exagero dizer que fora da produção – isto é, fora do lugar onde realmente se agrega valor ao produto ou ao serviço – não há processo de geração de riqueza que seja sustentável ao longo do tempo. E é por esta razão que os métodos e tecnologias de gestão da produção de bens e serviços passaram nestas últimas décadas por rápidas e marcantes transformações, contribuindo decisivamente para o sucesso e competitividade de organizações em todo o mundo.
Com efeito, organizações que procuram implementar tais abordagens e procedimentos de forma pouco criteriosa, ou sem a adequada capacitação de seu corpo de funcionários, têm obtido resultados por vezes aquém dos esperados, não duradouros, ou até mesmo desfavoráveis.
Esses fatos evidenciam que os diferentes enfoques e métodos de gestão – por mais úteis que já tenham se mostrado – não devem naturalmente ser vistos como panacéias para os problemas de produtividade e qualidade com os quais as empresas se defrontam. Ao contrário, a utilidade e a aplicabilidade de cada técnica, para um dado sistema de produção, tende a variar em função de diversos fatores como, por exemplo, a natureza da demanda a ser atendida, o segmento industrial, o tipo do produto, o processo de fabricação, o nível de capacitação do pessoal, e o próprio porte e cultura da organização.
Tendo em vista todas essas questões fica fácil entender a razão desse maior interesse em conhecer as novas tecnologias de gestão da produção e serviços de uma forma crítica e fundamentada. Os profissionais precisam ser capazes de avaliar de um lado os componentes conceituais, tecnológicos, humanos e organizacionais e, de outro, as suas inter-relações, origens, possibilidades de adaptação a outros ambientes, processos de implantação, experiências práticas passadas, e perspectivas futuras. É nesse cenário que torna-se chave a formação do engenheiro de produção.
Fonte: TGPS