Veja como se sair bem nas entrevistas de emprego

Mãos trêmulas, garganta seca, frio no estômago: os sintomas são clássicos em entrevistas de emprego, e ainda pioram quando se busca a primeira posição no mercado de trabalho. Segundo pesquisa feita pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), a entrevista pessoal é a fase do processo seletivo mais temida por quem está em busca de um […]


Mãos trêmulas, garganta seca, frio no estômago: os sintomas são clássicos em entrevistas de emprego, e ainda pioram quando se busca a primeira posição no mercado de trabalho. Segundo pesquisa feita pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), a entrevista pessoal é a fase do processo seletivo mais temida por quem está em busca de um estágio. No levantamento, 37% dos jovens assumiram temer o encontro com recrutadores da empresa. O medo da entrevista superou até mesmo o nervosismo dos testes de conhecimento, que só foram indicados por 12% dos entrevistados.

Naturalmente, a falta de experiência anterior é uma das razões. Segundo o superintendente de operações do CIEE, Eduardo de Oliveira, o estudante que busca estágio muitas vezes não acredita em sua capacidade, e esse momento decisivo gera estresse e medo. O nervosismo pode atrapalhar os jovens a transmitirem informações com clareza. No entanto, ficar relaxado e informal demais e usar muitas gírias pode acabar sendo ainda pior no momento da entrevista. “Muitos jovens não têm o hábito de ler e usam demais a internet. Isso dificulta a comunicação mais formal”, explica o superintendente.

Para não errar, o ideal é assumir um comportamento tão sério quanto o exigido na entrevista de emprego. Oliveira destaca que ter objetivos definidos, ser sincero e preparar-se com antecedência são dicas importantes para causar boa impressão. “É bom demonstrar capacidade de trabalhar em equipe, criatividade, boa comunicação e habilidades de liderança”, acrescenta.

Hora difícil
No caso da estudante de letras Camila Canedo, 24 anos, a entrevista de estágio não é apenas uma etapa difícil, mas uma verdadeira barreira. A jovem entra em pânico com a simples ideia de ter suas qualidades avaliadas por um especialista. “Eu tenho muito medo, porque sempre acho que não sou qualificada o bastante e que não vou conseguir”, confessa. “Sempre penso que alguém vai pegar o meu lugar.”

Camila ainda não conseguiu superar o medo. O único estágio que fez foi durante o ensino médio. Outras oportunidades surgiram quando a jovem estava na graduação, mas, no momento que soube da necessidade de ter um encontro presencial com os contratadores, desistiu. Agora, a universitária quer mudar de curso, pretende fazer psicologia. Ela acredita que a nova escolha vai ajudá-la a enfrentar melhor a situação. “Quero não só entender a mim mesma, mas também as pessoas à minha volta”, argumenta.

O receio de ser avaliada também acompanha a estudante de fisioterapia Laís Rodrigues, 23 anos. Ela conta que sempre teve medo de falar em público e, na hora da entrevista de estágio, a fobia piora. “Sou muito extrovertida, mas quando é para passar por algum tipo de avaliação, começo a tremer, minhas mãos ficam geladas e eu travo”, conta. “Mesmo que seja uma conversa tranquila, o fato de ter alguém me avaliando é o que deixa nervosa.”

Laís chegou a fazer algumas entrevistas. Segundo ela, o nervosismo diminui aos poucos. “Um dia antes, não consigo dormir direito, fico extremamente tensa. Na hora, gaguejo, me dá um branco, mas depois flui bem”, diz. O desafio, agora, é dominar a própria ansiedade, uma vez que ela se forma ano que vem e precisa enfrentar o mercado de trabalho. “Acho que vou ficar mais nervosa ainda na entrevista de emprego, porque é uma coisa mais séria, e eu vou ter que conseguir de qualquer jeito.”

Critérios de escolha
O primeiro passo para diminuir o nervosismo na hora da entrevista é estar preparado. Quando o candidato não chega à sala onde o bate-papo vai ocorrer seguro de que tem competência para assumir a vaga, as chances de não se sair bem são maiores. Porém, tentar se apresentar como o candidato perfeito nem sempre é a melhor escolha. A psicóloga organizacional Tatiana Moreira explica que as atribuições de cada cargo vão definir os rumos da entrevista, que dispensa respostas padrões. É preciso conhecer as funções que serão assumidas e demonstrar conhecimento sobre elas, sem mentir sobre as próprias capacidades. “O importante é ser honesto e não se preocupar em inventar respostas mirabolantes”, alerta a psicóloga.

Para Tatiana, o que atrapalha os estudantes é o fato de não conhecerem as intenções do entrevistador. “Muitas vezes, os critérios que serão avaliados não são transmitidos para o candidato”, pontua. Falar sobre si mesmo, às cegas, pode ser uma situação desconfortável para o jovem que não tem experiência de trabalho. Nesses casos, a psicóloga orienta o candidato a não se deixar intimidar. “Não é preciso ficar nervoso com isso, a ideia do estágio é justamente oferecer vivência profissional”, diz.

Para os marinheiros de primeira viagem, Carmem Cavalcanti, sócia-diretora de uma empresa de recursos humanos, lembra que o quesito prática não é apenas avaliado no sentido profissional. Ter participado de grupos e atividades extracurriculares são fatores observados com muito interesse. “Alguns estagiários trazem na bagagem experiências consideráveis, como trabalho voluntário e intercâmbios”, comenta a especialista. Essas formas de convivência e aprendizado, segundo ela, contam muitos pontos. “As empresas buscam um jovem que seja motivado por desafios, que tenha batalhado por alguma coisa. Durante o processo seletivo, é possível conhecer um pouco de seu universo, e de seus sonhos e metas”, explica Carmem.

Muito presente no dia a dia dos jovens, o uso de redes sociais em excesso também pode ser um problema para o jovem candidato. O perfil no Facebook, principal página de relacionamento acessada por eles, é conferido atentamente antes da contratação. É preciso ter o bom-senso como lei e dosar a exposição e também o nível dos comentários. Por exemplo, jamais critique o processo seletivo ou a empresa no site, uma vez que a informação é pública. “O jovem tem o Facebook como um diário. Esse registro pode ser positivo ou negativo, e nenhuma empresa quer ter sua reputação manchada na internet”, lembra Carmem Cavalcanti.

Como se sair bem
Confira as dicas da especialista em recursos humanos Carmem Cavalcanti sobre o que uma entrevista para estágio requer

Conheça a empresa que organiza a seleção da qual você vai participar . O que ela faz? Que desafios tem? É importante pesquisar essas informações antes de chegar à entrevista

Cuidado com as gírias. É necessário ter o português correto e um comportamento tradicional. Nada de respostas monossilábicas.

Saiba qual é a forma ideal de se vestir na empresa. Não vá para a entrevista com roupa curta, decote ou barriga de fora. O jovem deve se apresentar como um profissional, de maneira discreta, sem exageros.

Mantenha a postura nas redes sociais. Cuidado com os comentários sobre a empresa e o processo seletivo. O conteúdo pode prejudicar o candidato.

Demonstre entusiasmo e disposição para aprender. Profissionais com objetivos bem definidos costumam ser valorizados

Fonte: Correio Braziliense