MARKETING: Marketeiro, não!

Marketeiro, não! Não é de hoje que ouço e vejo alguns jornalistas denominando de “Marketeiro” o profissional que lida com ações de comunicação na perspectiva da promoção dos candidatos a cargos eletivos. No entanto, há uma confusão conceitual que se perpetua tanto na imprensa, quanto no meio profissional. Estou me referindo ao profissional de Marketing, […]


Marketeiro, não!
Não é de hoje que ouço e vejo alguns jornalistas denominando de “Marketeiro” o profissional que lida com ações de comunicação na perspectiva da promoção dos candidatos a cargos eletivos. No entanto, há uma confusão conceitual que se perpetua tanto na imprensa, quanto no meio profissional. Estou me referindo ao profissional de Marketing, cuja formação de um lado advém de cursos superiores de tecnologia ou do bacharelado em administração com ênfase em mercadologia, e do outro vem com a vasta experiência de profissionais que atuam diretamente no mercado empresarial. Nesse universo ainda é comum que a práxis mercadológica não seja necessariamente oriunda do bacharelado em comunicação social – publicidade e propaganda, pois os publicitários são os responsáveis pela gestão da comunicação das instituições, seja promocionalmente ou institucionalmente, enquanto aquele (Profissional de Marketing) tem uma função de maior alcance, e necessariamente, estratégica em profundidade.
Pragmaticamente os candidatos/políticos concebem marketing eleitoral apenas como uma das ferramentas da gestão mercadológica que é a propaganda em todas as suas funções e disfunções. De fato é a ferramenta que tem por finalidade o ato de tornar evidente, daí se construir mensagens e definir conteúdos que remetam o cidadão a “comprar” o candidato enquanto um produto de valor. Entretanto, existem diversas outras ferramentas que vêm sendo adotadas pelos responsáveis das campanhas eleitorais dos candidatos, desde pesquisas qualitativas em profundidade ao mapeamento de bairros com potencial eleitoral inconclusivo, que estão no mundo do Marketing e não da Comunicação.
A questão levantada para reflexão aqui não é sobre quem pode ou não pode usar os instrumentos que o marketing disponibiliza, mas sim a busca pela denominação correta de quem se vale da gestão desse processo que envolve pessoas, requer trocas e posicionamento de produto/mercado, alem de satisfação dos envolvidos. Que na verdade deve ser chamado de Profissional de Marketing e não, de “Marketeiro”.
Ao denominar o profissional que tralha com a comunicação, emerge a figura do publicitário, o que lida com os mais diversos públicos, enquadra-se como o profissional de relações públicas, e o “Marketeiro”? Esse não lida com nada, se quer existe, é uma “pseudotradução” equivocada. Nem nos manuais de marketing brasileiros, muito menos nos americanos, se identificam essa forma pejorativa e minimizadora de qualificar o profissional que trabalha com formação de imagem, fixação de marca e relacionamento no curto, médio e longo prazo, seja na campanha eleitoral de hoje, na gestão política dos atendimentos dos líderes comunitários por parte do Deputado quando eleito, e/ou na execução de mais e/ou novas campanhas político-partidárias.
Ao mesmo tempo, entendo o poder que a informação proporcionada pelos jornalistas em seus mais diversos níveis de intervenção, ao escolher essa forma incoerente de nominar o profissional de Marketing, pois tal circunstância se materializa, uma vez, que tal fato se aproxima do status de insatisfação dos que fazem essa profissão acontecer quando ouvem sendo qualificados com a expressão “Marketeiro”.
Assim, visando um melhor clareamento de papéis temos uma discussão no Congresso Nacional sobre a regulamentação desse profissional desde 2005, cujo projeto foi arquivado em 2006 pelo afastamento do deputado federal que conduzia a matéria. Esta retornou em 2007 através do Projeto de lei n° 1944 que dentre os dispositivos legais, destacasse que apenas os graduados em marketing em IES reconhecida pelo MEC poderão exercer as atividades concernentes a essa área do conhecimento (cujo mérito ainda está em discussão na Comissão de Trabalho, de Administração e do Serviço Público da Câmara Federal), além de todas as atividades que são específicas e inerentes ao Mercadólogo, outra denominação para o profissional ora apresentado.
Isso certamente será uma saída para o reconhecimento oficial de uma profissão tão recorrente pelas organizações e pelas instituições, e paralelamente rogo para aqueles que são os nossos comunicadores das mídias em geral, que reflitam e não usem mais a expressão “Marketeiro”, mas ao longo do desenvolvimento de suas matérias, trabalhem com a denominação “profissional de Marketing” ou “Mercadólogo”. 
Richard Medeiros de Araújo
Professor de Marketing da FACEX

Fonte: Richard Medeiros de Araújo-Professor de Marketing.